Metodologia e linguagem de trabalhos académicos

Microscópios, microscopias e siglas

Neste momento, é comum o uso o microscópio electrónico de varrimento com espectrómetro de raios X associado para o estudo de amostras retiradas de diferentes tipos de obras. As razões estão relacionadas com a grande e importante quantidade de informação que é possível obter especialmente no caso de amostras heterogéneas.

Infelizmente os erros de escrita também são numerosos e diversificados.

Um erro muito comum é a referência aos equipamentos de "energia dispersiva". Há diversas variantes correctas que podem ser usadas para designar o método e os equipamentos, mas "energia dispersiva" não é aceitável. Tal como está dito aqui, a energia não é, nem deixa de ser, dispersiva. Existem, sim, detectores que analisam a radiação separando-a, ou seja, dispersando-a de acordo com a sua energia. São, por isso, detectores dispersivos de energia (enquanto outros analisam a radiação segundo o seu comprimento de onda – detectores dispersivos de comprimento de onda).

Frequentemente são usadas siglas, entre as quais são aceitáveis, entre outras, SEM-EDS (de "Scanning Electron Microscope" e "Energy Dispersive Spectrometer") e SEM-EDX (tendo o EDX origem em "Energy Dispersive X-ray"). Já entre as não aceitáveis está, por exemplo, MEV-EDS por misturar uma sigla com origem em designação portuguesa (MEV, de Microscópio Electrónico de Varrimento) com uma sigla de origem inglesa. Também não deve ser usado SEM/EDS por "/" geralmente significar alternativa enquanto neste caso o que está em causa é a associação de dois equipamentos que, assim, estão na origem de um método que, num sentido lato, pode ser designado como método hifenado.

O facto de SEM-EDS e SEM-EDX serem igualmente aceitáveis, porém, não torna aceitável o uso, no mesmo texto, de SEM-EDS numas páginas e de SEM-EDX noutras.

A sigla SEM-EDS, ou qualquer outra das aceitáveis, tanto pode ser usada para designar o método (a microscopia) como o equipamento (o microscópio), mas deverá ser usada sempre da mesma forma, ou seja, tal como é indicado quando, a propósito da primeira referência, é apresentada a sigla.

Já agora, em português é "raios X" e não "raios-X" (ver nota aqui).